sábado, 18 de fevereiro de 2012

Nóis.



Olha só quem te escreve,
quem nos descreve.
Mostra a lingua e faz careta,
é careta,
vira a cara e joga ''en'' para que exista "fim".
Não arreda o pé até,
parece a propria convicção maluca. 
Anda cheio de orgulho no asfalto,
calçada, no barro.
Intocavel por ser a felicidade.
Nem toda noite tem luar.
Todo dia tem saudade.

300 formas de dizer chega,
e nenhuma delas ganha labios,
nenhuma delas contenta.
Dizer coisinha fofinha de longinho,
Expõe sentimento e mantem vivo,
crianças de rua numa cidade de avenidas,
crianças de palavras nuas
compreensões pequenas
bisbilhotando a parte de dentro de vidas vazias.

Nem toda noite sou teu vagabundo, Amor.
Mas todo dia vivo nosso Amor vagabundo.

sábado, 12 de novembro de 2011

Pequenos trechos, grandes jornadas - II

Não é fácil narrar o que se avista quando nada se observa, apenas sente, imagina. O todo se completa. O calor seca, o Ser explora outros sentidos em busca de experiência. Morde a maça e é tratado como soldado do horror, príncipe do pecado. Mas soldados são soldados, ignoram o tridente imaginário, sangram a bandeira de orgulho e sujam noites de escuro. Tem seu brio num vale paralelo, onde abraça sua honra, acata á bigodes autocráticos e só o faz por que julga a glória como luxo necessário.

sábado, 22 de outubro de 2011

Pequenos trechos, grandes jornadas - I

A saudade insiste em demarcar o cotidiano. A falta que me fazes deixa a água barrenta, num pantanal sem peixes e sim enigmas. A onde as flores não florescem, criam expectativas. A onde as criaturas padecem mas vivem a recitar sua singular poesia. Onde o mundo envelhe e gira em torno de fantasia. A onde quem enlouquece compreende.

sexta-feira, 8 de abril de 2011


Ironia da vida. Preso no próprio esconderijo. No escuro do filosofar, como utilidade. Desgastado por personalidades sombrias e lembranças mofadas. Discutindo com o tempo, barganhando minutos com a bateria, para narrar emoções indefinidas e inconstantes. Negação errônea de sentimentos instintivos e agregadores de adjetivos sussurrados por de trás da grossa cortina envoltória, de cultura arcaica e intocável. Séculos de evolução e regressão ideológica, anos de obrigatória razão metafórica, escassos segundos de Amor de baixo do sombreiro. Facilidades rotineiras não me atraem, tão quão norteiam meu real objetivo. Fachos de luz reassumem a atmosfera domiciliar. Reflexo. Observo a casca, mutuamente, e proclamo: Não me deixes cair, ó pai.

sábado, 2 de abril de 2011

O perdão como objetivo ético.


Como sou completamente crítico á religiões e suas particularidades administrativas, emprego a palavra perdão absolutamente despida de roupagens estereotipadas e utópicas. Muito se fala em perdoar o próximo, pouco se prova que o perdão é sincero ou natural. Antes de qualquer conselho clichê — como: - Perdoe! Você tem um bom coração, eu sei disso —, há de se analisar a situação que ocasionou a necessidade de uma segunda chance. Através de um livro de fábulas, que alias é muito conhecido, a sociedade aderiu á blasfêmia inescrupulosa e hipócrita de que o perdão nos faz seres melhores, isto é, superiores á quem não o pratica. O perdão, desde então, tornou-se uma ''meta'' a ser cumprida por todos, em busca do que convém a ser ético e fofinho. Esta falácia perdurará por longos anos ainda, anotem. Do que adianta perdoar pela metade, uai? Que ao menos não finja ou o faça com a mais irônica das intenções. É apenas um gesto que, dependendo da algumas variáveis, pode representar o seu atestado de paspalho do ano. O caráter não é composto deste tipo de atitudes, que são provocadas no aguardo de elogios. Egocentrismo nesse sentido, é iluminado de Amor próprio. Os anos passam, alguns refletem e só voltam atrás, após décadas de cara-fechada ou indiferença — o que não necessariamente remete á experiência de vida, mas sim ao receio de chegar ao ''fim'' sem alguém que se importe. Passar bem!

terça-feira, 8 de março de 2011

#LéoRecomenda: Transmissor - Dez segundos.

Você já viveu aqueles momentos em que fica se questionando: Cadê você? Cadê você? Pois é, todos temos; então lhe convido a refletir sobre. Por que procurar por outros, sem nem ao menos nos encontramos ainda? Ok, ok, não vou ficar filosofando demais — desta vez. Conheci Transmissor através de uma amiga — diga-se de passagem, uma grande conhecedora da cultura brasileira. Me senti na obrigação de mostrar a vocês que me lêem. Cá estou, novamente, para recomendar algo.



Foi só eu acordar pra perceber
que você nao estava aqui
Foi só eu levantar pra descobrir
Eu já nao tinha aonde ir

Cadê você?

Foi só eu precisar de um minuto que era meu
pra você se distrair
Foi só eu confessar tudo que eu já neguei
pra você se despedir

Cadê você?

Só agora eu descobri
Dez motivos pra sorrir,
Dez minutos pra me achar e
Dez segundos pra te ouvir

Cadê você ? Felicidade, cadê você?

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domingo, 27 de fevereiro de 2011


Flutuo sob o asfalto, de punhos cerrados. Inalo odor de cérebros inutilizados. Devaneio banalizado e documentado. Samurais empunham a vassoura para expurgar das ruas a falta de consciência. A ganância veste-se á carater, terno e gravata para impor seriedade. Nas calçadas, os habitantes do sub-mundo retorcem-se em crise de abstinência. O olhar da indígena expõe a falta da mata e suas ervas medicinais, enquanto a mão estende-se por remédios de preços surreais. Os velhos são abandonados e perambulam pelo centro da cidade. Barba grande, barba branca. Conversa maluca, gargalhada franca. Ouço palavras da bíblia sendo jogadas aos 4 cantos. A igreja me oferta o paraíso, mas só intercedem com as mãos na senha do banco. Agua que cai do céu e em alguns minutos faz transbordar o limite da paciência. O coletivo nunca muda de rumo. O sol se põe. O que julgam imoral é de livre acesso noite a dentro. Corpos são alugados por determinado espaço de tempo. O papelão aquece, na falta de um "Boa Noite" acompanhado de um abraço repleto de sentimento. A cachaça é o elixir da juventude para quem nem percebe a vida passar. Dormitórios que me remetem a campos de extermínio, depósitos de gente sem futuro. O livre arbítrio preso á um cachimbo. Epidemias provocadas para que pobres fiquem no eterno limbo. Em busca de dias melhores dentro dessa insanidade ...